De 5 a 29 de junho, Samir Murad apresenta um espetáculo por semana, de quinta a domingo, fazendo um panorama de sua produção teatral dos últimos 25 anos dentro do Programa Funarte Aberta
Um panorama da produção teatral dos últimos 25 anos de carreira do premiado ator Samir Murad. Essa é a proposta da mostra “Teatro, Mito e Genealogia” da “Cia.Cambaleei, mas não caí…”, que acontece dentro do Programa Funarte Aberta. A mostra, que dá foco para quatro personagens míticos, ocupa no mês de junho o palco do Teatro Glauce Rocha, no centro do Rio, que pertence à Fundação Nacional das Artes - FUNARTE. Os quatro monólogos serão apresentados um a cada semana, de quintas a sábados (às 19h) e domingos (às 18h): “Para Acabar de Vez com o Julgamento de Artaud” (5 a 8/jun); “Édipo e Seus Duplos” (12 a 15/jun); “Cícero - a Anarquia de um Corpo Santo” (19 a 22/jun); e “O Cachorro que se Recusou a Morrer” (26 a 29/jun).
A mostra oferece ao público carioca uma rara e instigante oportunidade de mergulhar no universo cênico de Samir Murad, reunindo pela primeira vez em uma única temporada quatro de seus monólogos mais emblemáticos dos últimos 25 anos, que investigam as fronteiras entre mito, arte e existência. Conheça os espetáculos: “Para Acabar de Vez com o Julgamento de Artaud” (de 5 a 8 de junho). Estreou em 2001, propondo uma investigação dos limites entre a criação artística e a loucura. Antonin Artaud, poeta, ator, escritor, e diretor de teatro francês, ligado fortemente ao surrealismo, foi considerado por muitos como louco, por ter sido internado em diversos manicômios durante a vida. Esse trabalho foi considerado um dos dez os dez melhores espetáculos do ano segundo a crítica Bárbara Heliodora (jornal O GLOBO). Excursionou pelo país, com oficinas e palestras, em teatros, universidades, congressos e simpósios.
“Cícero - a Anarquia de um Corpo Santo” (de 19 a 22 de junho). Solo de 2019 que traz à cena o mítico Padre Cícero em um encontro com a própria morte. Fazendo uma retrospectiva crítica da própria vida, a personagem deve suscitar os espectadores a possíveis possibilidades de re-significar a história desse mito nacional e por extensão, provocar reflexões a respeito da Igreja e da política na sociedade contemporânea. Valendo-se de referências do teatro oriental, o espetáculo utiliza-se de elementos do Butoh - uma espécie de teatro-dança japonês - assim como de conceitos extraídos do Livro Tibetano dos Mortos, ambos tendo no estudo da morte sua fonte de investigação artística e espiritual.
Os três primeiros solos tiveram como referência principal de linguagem, elementos de pesquisa temática e cênica, o teatro de Antonin Artaud e completaram um ciclo. Esse último trabalho vai ao cerne da fonte criadora dos espetáculos anteriores, fazendo uma síntese dessa trajetória, coroando a trilogia e inaugurando uma nova forma de narrativa, concentrando a mesma na alma do texto, revelando a fonte essencial de inspiração da obra do artista. Seu valor reside intrinsecamente nas questões de cunho familiar e social que aborda e que nos soam extremamente pertinentes aos dias de hoje. Todas as encenações transitam por uma estética experimentalista que privilegia o trabalho do ator que, utilizando-se de técnicas psicofísicas, potencializa seus recursos essenciais de atuação e tem nos outros elementos da cena, signos que se desdobram a partir de seu trabalho criativo.
Tal proposta se encontra em consonância com outras pesquisas cênicas contemporâneas, que buscam evocar as origens e os mitos primitivos do Teatro. Artaud, Édipo, Padre Cícero e o Autor, itineram por distintas narrativas sugeridas a partir do binômio texto-encenação, passeiam por registros que vão do trágico ao cômico, revelando em seus respectivos contextos psicossociais possibilidades que sugerem empatia e uma reflexão emocionada em nosso espectador.
Samir Murad combina rigor técnico, potência poética e uma abordagem visceral da interpretação. Mais do que uma retrospectiva, “Teatro, Mito e Genealogia” propõe um reencontro com personagens que transitam entre o humano e o arquetípico, encarnados por um ator que transforma a cena em ritual de escuta, entrega e memória. |
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em 30/05/2025 às 11:40