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Simone Soares

Atriz, Produtora & Diretora



Carreira, Arte e Propósito

Como sua trajetória como atriz influenciou sua visão sobre o envelhecimento feminino?

Minha trajetória influencia na minha visão do amadurecimento feminino com qualidade, sem exageros, e olhando para o todo, onde meu corpo é a morada da construção dos personagens. Então preciso estar saudável. Feliz e disposta.

O que te levou a trabalhar com direção de peças adolescentes?

Sempre gostei muito de crianças e adolescentes, fiz vários filmes infantis como atriz e também como produtora. Como sou atriz e mãe, tenho uma visão de como gosto de ser tratada e procuro passar todo o meu conhecimento e experiência com mais de 30 anos de profissão.

Como você enxerga o papel da mulher madura no teatro contemporâneo?

O artista maduro é essencial para teatro, cinema e tv. Eles passam credibilidade, experiência e qualidade nas construções de personagens. Hoje temos Sueli Franco na novela, Vera Fischer no teatro e Fernanda Montenegro no cinema. Apenas alguns exemplos de artistas exemplares e que o público ama.

Qual foi o papel mais desafiador que interpretou após os 45 anos?

Com certeza foi na novela Paulo, pois teve cena de epilepsia, convulsão, estudei muito, assisti vários vídeos e filmes, tive que repetir cena algumas vezes por causa dos ângulos de câmera e no final estava com o corpo todo dolorido e alguns hematomas nas pernas. Mas o resultado da cena foi incrível, até aplaudida em cena.

Como sua experiência como atriz impacta sua atuação como preparadora de elenco?

Fato de ser atriz e já ter feito preparação com as melhores preparadoras Camila Amado, Rose Gonçalves, dentre outras me ajudou muito e criar meu próprio método, e olha que tem dado muito resultado. Eu adoro preparar, ajudar na construção do personagem, dirigir os monólogos. Amo ver a evolução.

Já sentiu que sua idade interferiu na escolha de papéis ou projetos?

Com certeza a idade influencia na escolha dos personagens, mas existe idade real e a que aparenta, importante ter todas as idades.

Como você equilibra sua vivência pessoal com a criação artística?

Vivência pessoal influencia diretamente na criação artística, e fazer laboratórios de personagens.

Que tipo de histórias você sente urgência em contar hoje?

Quero contar histórias que emocionem, tragam esperança, aprendizado e que as pessoas além de se divertirem também aprendam e estimulem outras pessoas.

Como você se mantém criativa e conectada com o público jovem?

Me sinto uma menina, me mantenho conectada com os jovens pois tenho filha de 21 anos e adoro estar aprendendo com essa juventude. A troca é muito importante, pois eles tem agilidade e nós temos a experiência. Estar sempre aberto para aprender é o grande segredo.

Que conselhos você daria para atrizes que estão iniciando e temem envelhecer no palco?

Tem que pensar em saúde e não em envelhecer. Pois envelhecer é uma dádiva da vida, cada fase tem seu encanto. Se desse um conselho seria: cuidado com os excessos, tudo demais faz mal. E hoje estamos vivendo um momento onde as pessoas estão cada vez mais parecidas por causa dos procedimentos, boca, sobrancelhas. Então cuidado, fica estranho, o menos é mais.

Corpo, Explante e Reconexão

O que te levou à decisão de fazer o explante?

Fiz explante por estudar e entender os malefícios do implante do silicone, ver que estudos mostram tantos problemas e decidi que queria saúde pra minha vida. E também comecei a achar estranho o corpo com silicone, acaba limitando para os personagens. Nas produções de época não combinam com silicone. E a saúde é a melhor coisa que podemos ter. A beleza está no conteúdo e não apenas na forma. Por isso decidi fazer o explante e foi a melhor decisão. Voltei a ter os seios de quando era adolescente, meu corpo desinchou, pele ficou mais bonita e o cabelo melhorou. Tenho certeza que o silicone estava me deixando inflamada. Agora me sinto livre, leve e solta.

Como foi o impacto emocional e físico após a retirada dos implantes?

O impacto emocional começou 1 ano antes do explante. Pesquisei muito, li depoimentos e consultei alguns médicos. Escutei algumas coisas que me incomodavam como: mas como você vai ser uma atriz sem esse colo? E os decotes? Você vai se sentir bonita sem silicone? Você tem cintura fina, quadril violão, tem que ter peitão? NÃO, não vou dar ouvidos ao que os outros pensam, vou sentir meu corpo e seguir minha intuição. Decidi que queria ser saudável e natural. Afinal do que adianta as formas e medidas exatas mas por dentro tudo inflamado. Está cheio de mulher com corpo perfeito mas com depressão, e outras doenças. Saúde em primeiro lugar.


 

O explante mudou sua relação com o corpo e com a cena?

Explante mudou a forma como me sinto e enxergo a vida. Se soubesse que a sensação de um abraço no silicone é tão estranha e que a sensação de liberdade é tão grande, já teria retirado antes.

Você acredita que o explante pode ser um ato de libertação artística?

Sim o explante é um ato de liberdade, aceitação e coragem.

Como você lida com os padrões estéticos impostos às mulheres no meio artístico?
Lido de uma forma leve aos padrões estéticos, é sempre bom está bonita mas tem que ser sem exageros. Desde que fiz Genesis e acabei fazendo 2 fases 40 e 60 anos, tive envelhecimento do personagem, vi a importância de ter cuidado com os excessos de procedimentos estéticos. Nós atrizes temos que ter expressão, emoção através do olhar, da voz, das pausas e pensamentos, e se a testa não mexe, ou a sobrancelha está muito alta, a boca muito preenchida, enfim fica estranho. Por isso resolvi ser o mais natural possível, sem botox, preenchimento ou silicone. Só laser, isso eu gosto.

O que você diria para jovens atrizes que enfrentam pressão estética?

Cuidado com os excessos, procure um profissional competente, o barato as vezes sai caro. Não vá no modismo. Beleza vem de dentro. Nós somos o resultado do que pensamos.

O explante influenciou sua forma de se apresentar como mulher e artista?

O explante foi um marco na minha libertação. Me possibilita fazer mais personagens, abriu o leque.


Como o teatro pode ajudar mulheres a se reconectarem com seus corpos?

O autoconhecimento, estudo, o teatro ajuda todos a se reconhecerem e reconectarem com seus corpos.

Você já abordou o tema do explante em alguma obra ou projeto?

Ainda não abordei mas tenho vontade de fazer um filme sobre isso, para alertar outras mulheres sobre os perigos do silicone.


Que aprendizados pessoais surgiram após esse processo?

Aprendi a me amar mais no natural e olhar a beleza de uma forma no todo.

Menopausa e Transição Feminina

Como a menopausa afetou sua rotina criativa e profissional?

A menopausa havia começado, então fiz explante e tudo voltou ao normal. Então não afetou minha rotina criativa e sim, me deu mais aprendizado para construção de personagens.



Quais foram os sintomas mais desafiadores e como você os enfrentou?

Os sintomas mais ruins foram os calores noturnos, insônia e ganho de peso, mas
quando procurei tirar tudo que me inflamava, isso me ajudou.

Você acredita que a menopausa é bem representada nas artes?

Faltam personagens que falem abertamente sobre menopausa. Sobre a mulher madura,
sobre etarismo.


Já pensou em criar uma peça que fale sobre essa fase da vida?

Por isso tenho um grupo de atrizes da melhor idade com Maira, Jaqueline, Rocio e Ariane. Estamos fazendo um projeto para falar sobre esse tema também.

Como você lida com as mudanças hormonais e emocionais no dia a dia?

Lido com meditação, academia e quiropraxia na Casa da Coluna.



A menopausa te trouxe novos olhares sobre sua feminilidade?

Sim me trouxe um olhar mais seletivo.

Que tabus sobre menopausa você gostaria de quebrar?

Tem muitos tabus a serem quebrados e discutidos e muitos alertas a serem feitos como o da endometriose, que muitas pessoas sofrem por anos e nem sabem. As pessoas falam pouco sobre o assunto.

Como a maturidade influenciou sua forma de dirigir e preparar elenco?

A maturidade me deixou cada vez melhor para dirigir e preparar elenco, pois a experiência se acumula com o tempo.

Você sente que há espaço para narrativas femininas maduras no teatro jovem?

Tem espaço e com certeza será sucesso. Temos muitas mulheres maduras maravilhosas.


Que práticas te ajudam a atravessar essa transição com leveza?

O trabalho, estar em contato com jovens, atividade física, meditação na praia. Tudo isso me ajuda a me manter com saúde física e mental em dia.

Direção e Preparação de Elenco Jovem

Como é trabalhar com adolescentes enquanto vive sua própria transição?

É ótimo de trabalhar com eles, já que passamos pela mesma euforia e agilidade na fala. Com o tempo ganhamos aprendizado de que pausa, é importante na vida e nas falas dos personagens.

Você compartilha suas experiências com os jovens que prepara?

Compartilho quando eles estão prontos para escutar, tem que saber dosar para estimular. Mas adoro contar os aprendizados na prática, gosto de ensinar o que aprendi.

Que temas você considera essenciais para o teatro adolescente hoje?

Teatro adolescente precisa falar sobre amor, abusos, celulares, jogos. Precisamos ajudar esses jovens a terem bons exemplos e experiências.


Como você equilibra disciplina e liberdade criativa com jovens atores?

É Preciso ter disciplina pra tudo na vida, e quem tem isso, vai se destacar lá na frente, com certeza. Dedicação é tudo.

Já sentiu que sua maturidade é um diferencial na direção de jovens?

Com certeza. O fato de ser madura, ser mãe e ter muita experiência, ajuda muitíssimo, pois sei como quero ser tratada.

Como você ajuda adolescentes a lidarem com inseguranças e expectativas?

Ajudo adolescentes a estudarem a construção do personagem e achar a melhor verdade no texto. A fazer de forma natural, sincera, verdadeira que passe a emoção. Assim, eles ficam mais seguros nos testes e segurança é tudo.


Que tipo de personagem adolescente você gostaria de ver mais nos palcos?

Quero ver nos palcos personagens adolescentes que inspirem de forma positiva,que façam os adolescentes sonharem e acreditarem que com dedicação e disciplina, otimismo e força de vontade, fé em Deus tudo pode acontecer. Quero fazer no teatro uma peça sobre "Paulo o Apostólo" que fez milagres.


Como o teatro pode ser uma ferramenta de autoconhecimento para os jovens?

Teatro é autoconhecimento é estudo, e libertação.

Você acredita que os adolescentes estão abertos a ouvir sobre envelhecimento e transição?

Alguns estão abertos a ouvir, são ótimos para serem dirigidos, são estudiosos na construção do personagem. Já outros, já mais acomodados, são difíceis de ouvir, mas faz parte. Eu sempre tenho muita paciência e adoro ver essas diferenças de personalidades.

Que valores você transmite como mentora e diretora?

Valores de vida e de fé, sempre com amor e generosidade.

Legado, Futuro e Reflexões


O que você ainda sonha em realizar artisticamente?

Sonho em realizar muitas coisas, ajudar muita gente através da minha arte, mentoria e redirecionamento de carreira e de marcas. Tem muitas marcas que tem potencial, mas falta algo.

Que legado deseja deixar para as próximas gerações de atrizes?

Exemplos positivos de superação e dedicação à arte. De personagens que, de alguma forma, marcaram e que, nas mentorias, eu consiga ativar o amor e a autoconfiança de cada um.

Como você enxerga o envelhecimento dentro da dramaturgia?

Faltam personagens de mulheres maduras. Queremos os veteranos na Tv, no cinema e no Teatro.

Já enfrentou preconceito por idade ou aparência no meio artístico?
Sim, já me chamaram de velha, mas nem liguei, eu me amo e cada idade tem sua beleza.

Que tipo de personagem você gostaria de interpretar hoje?

Quero interpretar uma mulher má, mas com jeito de boa. Quero fazer a vilã da melhor idade.

Como você usa sua arte para dar voz às mulheres maduras?

Uso minha voz para falar sobre diabetes, explante, paternidade. Tudo que posso ajudar o outro, aceito colaborar.

Qual foi o momento mais transformador da sua carreira após os 45?

Foi sem dúvida quando decidi fazer o explante.

Se pudesse resumir essa fase da vida em uma cena teatral, como seria?

Seria uma fase de milagres, como em Paulo.

Que mensagem você deixaria para mulheres que estão entrando nessa fase?

Escutem seu corpo, sua intuição, procurem um médico, façam exames, bebam muita água, tomem sol, pratiquem atividades físicas e tenham pensamentos positivos.


Como você gostaria que essa entrevista impactasse quem a lê?

Gostaria que essa entrevista ajudasse outras mulheres a se conhecerem melhor, se unirem, olharem para o outro de uma forma amorosa, que as alertassem sobre os excessos, que ajudasse a se amarem e se respeitarem e que acreditassem que cada fase tem suas delícias e que a experiência só vem com o tempo. O melhor da vida é ver que nossos filhos são boas pessoas, pois aí vemos que ensinamos certo. Exemplos positivos acima de tudo. Fé em Deus e caridade com o próximo.
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It’s Ok to be ok.

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Publicado por
Revista Extraordinária
em 12/11/2025 às 17:03

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